BARBEARIA CUNHA DA FEIRA VELHA


A barbearia Cunha localiza-se na Praça Mártires do Fascismo (Feira-Velha), nos baixos de um dos edifícios mais castiços da cidade, “A Casinhola Alegre”, construída em 1914.
Júlio da Cunha fundou o negócio há mais de sete décadas, numa altura em que o terreiro da Feira-Velha apresentava uma fisionomia muito diferente da actual. No piso de terra brotavam árvores, plátanos e carvalhos. Um mictório em ferro e chapa, aliviava as bexigas dos frequentadores do extinto tasco do “Zéca Ferrador”, onde se esvaziavam canecas de vinho e também os quadrúpedes eram “calçados”.

 


Todas as quartas-feiras o emblemático largo era povoado com centenas de cabeças de gado para serem negociados numa feira, cuja origem se perde no tempo. Mais tarde, já nos anos quarenta do século passado, nas traseiras da extinta e destruída Escola Primária, fazia-se também a feira dos porcos. A Feira-Velha, assim designada já em meados do século XIX, era um dos lugares mais populares da Vila de antanho. Continua a ser, nos dias de hoje, um local que traz muitas recordações aos fafenses que, apesar da mudança toponímica, fruto da vontade do tempo, continua a ser incomparavelmente mais conhecido por Feira-Velha. Um claro exemplo de uma tradição que o povo quis preservar.
De regresso à barbearia, constata-se que foi remodelada ao longo do tempo, contudo, ainda conserva uma cadeira de barbeiro da altura da fundação, um belíssimo exemplar fabricado na M. Bartholo, uma empresa portuense que produziu este tipo de cadeiras, entre finais do século XIX e princípios do século XX.


António Augusto Oliveira Cunha, filho do fundador, a tocar os sessenta anos de idade, deu continuidade ao negócio, que não sendo o mais antigo do ramo, em Fafe, representa duas gerações a cortar barba e cabelo há cerca de oito décadas.


ATRIUMEMORIA RECEBEU ESPÓLIO DA ANTIGA BARBEARIA

Gentilmente e sem reservas, António Cunha doou à nossa Associação um conjunto de instrumentos que outrora foram utilizados no mister: Antigas máquinas de corte, manuais, uma navalha e respectivo amolador, são espécies que ficam agora guardadas no “Espaço Memória”, enriquecendo um já numeroso acervo que torna cada vez mais exíguo aquele núcleo.

Jesus Martinho




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