Localização
R. Major Miguel Ferreira
Protecção
Proposto como Imóvel de Interesse Local pelo PDM de Fafe, DR 224/94, 1ª Série B, de 27 de Setembro
Enquadramento
Urbano, isolado, rodeado por terreno murado, com gradeamento e portão fronteiro, composto por jardim, também fronteiro, e posteriormente descampado, correspondente ao antigo parque da casa, que se estende, em profundidade, para S., onde foi construído, sobre o limite E., armazém comercial de grande dimensão. A enquadrar a fachada posterior do edifício encontram-se duas palmeiras de porte notável. A área do jardim e do terreiro confina lateralmente, a O., a todo o comprimento, com prédio de construção recente, e do lado oposto com o espaço envolvente da Casa do Santo Novo (v. PT010307090045).
Descrição




A sala de jantar ocupa o centro da ala S., dispondo de três portas para o exterior e duas para as dependências contíguas. Este piso ostenta pavimentos e lambris em madeira, em padrões claro e escuro, e portadas também em madeira, com tratamento de escaiola. Os tectos são em estuque ornamentado com motivos vegetalistas, florais, e, na sala, integrando putti. Em algumas dependências o lambril enquadra um fogão de sala. A escadaria, em madeira, de dois lanços opostos, apresenta balaustrada decorada.
No terceiro piso, abrem para a escadaria central onze portas ornamentadas, com decoração integrando frontão curvo interrompido, e criando um imponente espaço cénico. As paredes ostentam lambril em gesso, pintado a bege, com arcaria que se prolonga dando origem às ombreiras dos vãos e aos frontões, e pintura a rosa no restante pé direito. O tecto e a clarabóia, que seria ornada também a estuque, encontram-se destruídos. Na ala N. rasgam-se três portas dando acesso a duas salas, sendo que o vão central, o único em arco pleno, abre para o salão servido pela sacada que encima a bow-window. A E. e O. abrem-se duas portas em cada um dos lados, correspondendo, a E., a sanitários dotados de pavimento em ladrilho cerâmico policromo. Das quatro portas que se abrem a S., as duas centrais são ornamentais, com vidros nas folhas, abrindo sobre a balaustrada, e as extremas dão acesso aos espaços de intimidade, três quartos na ala S., o principal e central no corpo saliente desta fachada. A O. situa-se sala de banho e a E. as escadas de serviço. Os lambris e portadas, neste piso, receberam pintura a bege, os pavimentos são em madeira e os tectos em estuque ornado com motivos vegetalistas e florais. O sótão organiza-se em torno de três corredores, um na ala S. e dois nas alas E. e O., albergando quartos e espaços de arrumação *1, sanitários a E., e, no ângulo NO., no torreão, sala amplamente iluminada que dá acesso a uma sala menor, no coruchéu, também iluminada por quatro janelas.
Época Construção
Séc. 20
Arquitecto
Construtor
Autor
Desconhecido.
Séc. 20, início - construção do palacete, a mando de João Alves de Freitas, filho de Victorino António de Freitas e Rosa Maria de Freitas, de Vale do Bouro, em Celorico de Basto, casado com Maria Beatriz Faria Azevedo; João Alves de Freitas foi emigrante no Brasil fez fortuna em Manaus e no Pará; 1912 - conclusão da construção do palacete; 1917, 8 Outubro - João Alves de Freitas suicida-se no interior da Amazónia, devido a falência inesperada; o palacete é vendido a Miguel Gonçalves da Cunha, sócio gerente da Fábrica do Bugio; posteriormente o palacete é novamente vendido pelos descendentes, instalando-se no edifício o Grémio da Lavoura 1991, anterior a - a casa é adquirida pela Cooperativa dos Agricultores de Fafe; 2003 - a casa é adquirido pela Caixa de Crédito Agrícola; 2007 - a Câmara Municipal de Fafe adquire o imóvel por 575 000 Euros.
Tipologia
Arquitectura civil residencial, novecentista, neoclássica, ecléctica e revivalista. Palacete inserido no contexto da chamada "Casa de Brasileiro", de planta ligeiramente rectangular, integrando um torreão no ângulo da fachada principal, à semelhança do que acontece com a Casa de Manuel Rodrigues Alves. Apresenta três e quatro pisos, com águas furtadas e coberturas bastante inclinadas do tipo chalet. Acesso principal ao nível do segundo piso por portal precedido por escadaria que comunica com varanda que percorre toda a fachada. Decoração exterior com influência neoclássica, nomeadamente nos frontões e balaustradas, mas com dominância da arquitectura do princípio do séc. 20, com vãos emoldurados apenas superiormente, frisos misturados com azulejos, cachorrada no remate e vãos de diferentes modinaturas. Interior organizado em torno da escadaria central, comum aos dois pisos intermédios, iluminada por clarabóia, e para a qual abrem vãos fortemente decorados. Piso térreo com lojas e cozinha, segundo piso com vestíbulo de recepção, salões e sala de jantar, terceiro piso com quartos, águas-furtadas com quartos de criados e arrumos. Possui escadas de serviço. Tectos de estuque com decoração neoclássica, por vezes pintado, paredes pintadas e revestidas a papel, lambris e portas de madeira com acabamento de escaiola e pintadas, pavimentos de madeira com padrões claro e escuro e em ladrilho cerâmico. Existem dois tipos de lambris de madeira revivalistas, um com arcaria em ferradura neoárabe e outro com arcaria quebrada neogótica.
Características Particulares
Particulariza-se pela disposição de vários volumes articulados com coberturas diferenciadas a que corresponde um dinâmico mas sólido desenho das fachadas onde, em panos reentrantes e salientes, se conjugam vãos de diferente moldura e recorte em granito, material que é também aplicado no embasamento rusticado e em bandas horizontais, balaustradas, frontões e cimalhas apoiando a diferenciação dos panos. No interior, destaca-se pela dimensão da área e altura ocupadas pela escadaria central e pelo cuidado tratamento dos vãos que para ela abrem.
Dados Técnicos
Paredes autoportantes
Materiais
Estrutura de alvenaria, embasamento, frisos, molduras dos vãos, cornijas de remate, platibanda, frontões, em granito; portas, janelas, escadaria interior e pavimentos, em madeira; tectos em estuque trabalhado e pintado; pavimentos em ladrilho; cozinhas e casas de banho com azulejos industriais; portão, gradeamento exterior, guardas da varanda da fachada posterior, em ferro forjado; cobertura em material sintéctico.
Bibliografia
MONTEIRO, MIGUEL, Fafe dos Brasileiros (1860-1930), Perspectiva histórica e patrimonial, Fafe, 1991, p. 176-177; FERREIRA, José Carlos, ASSIS, Francisco, Património, in Diário do Minho, 29 Maio 2006, p. 22; LEMOS, Rui, Câmara avança com reabilitação do Cine-Teatro de Fafe, in Diário do Minho, 18 Fevereiro 2007.
Documentação Fotográfica
DGEMN: DSID
Intervenção Realizada
Proprietário: 2002 - Obra de recuperação não concluída tendo sido renovado o telhado da cobertura, substituindo-se a telha marselha por material sintético, e removidos revestimentos de reboco e estuque decorado em paredes e tectos no interior.
Alexandra Lima e Paulo Dordio 2003
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