"CASTRO" DE SANTO OVÍDIO CADA VEZ MAIS AMEAÇADO



Às portas da cidade, cada vez mais próximo da cidade, o Monte de Santo Ovídio é considerado desde o século XIX um dos lugares mais aprazíveis de Fafe.

Outrora designado “Monte Crasto”, durante o primeiro milénio a. C. uma comunidade oriunda do norte da Europa implantou ali o seu povoado fortificado, mais tarde dominado pelos invasores romanos.

O Monte de Santo Ovídio encerra os restos materiais da História ancestral de uma Terra que viria a designar-se por Fafe. As ruínas arqueológicas soterradas em quase toda a extensão do outeiro são conhecidas há mais de um século, numa altura em que o célebre arqueólogo Martins Sarmento levou a estátua de um guerreiro galaico e outras peças para o seu “Museu” em Guimarães. Mais tarde, em 1979, uma escavadora que rasgava um estradão na base da vertente Leste do monte, trouxe à luz do dia um conjunto de ruínas arqueológicas que vieram a ser estudadas pela Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho durante cinco campanhas consecutivas de escavação, entre 1980 e 1985. O resultado daquela intervenção traduziu-se num belo conjunto de alicerces de habitações e uma rua de acesso atribuíveis ao século II a.C. ao século I da nossa Era.

Várias circunstâncias levaram ao abandono do estudo do Povoado Castrejo e durante vários anos as ruínas ficaram entregues ao abandono total.





O Povoado Castrejo está classificado
como Imóvel de Interesse Público há mais de três décadas



Entretanto a área sofreu algumas agressões e estranhamente assistimos à construção de uma unidade fabril em zona “non aedificandi”, uma significativa alteração topográfica provocada por um corte na construção da IC 5, por duas vezes a EDP violou solos arqueológicos sem qualquer acompanhamento de arqueólogos e continua a ser supostamente autorizada a construção de raiz, também sem qualquer acompanhamento contrariando a Lei vigente.

Com todos estes precedentes e perante a inércia da tutela, o Povoado Castrejo de Santo Ovídio está cada vez mais ameaçado e já se fala em “rasgar uma estrada de acesso à capela” localizada no cume do Monte.

Em 2006 o Município de Fafe celebrou um contrato-programa com a Associação Recreativa e Cultural de Santo Ovídio (ARCO), visando a requalificação das ruínas arqueológicas a descoberto. Foi desenvolvido algum trabalho de limpeza de matos sem dúvida importante para a conservação das ruínas. Contudo, estas acções de limpeza não são suficientes para salvar o conjunto, é necessário e urgente proceder a trabalhos de consolidação e restauro das estruturas de forma a evitar o seu desmoronamento.





Plano de Pormenor é necessário e urgente


Em tempos foi equacionado mas acabou por não ser executado. A área do Monte de Santo Ovídio e toda a sua envolvente precisa urgentemente de um estudo que resulte num plano de pormenor que imponha regras e permita uma gestão espacial compatível com a elevada importância histórica do sítio, sem esquecer a vertente de lazer. Ambas podem compatibilizar-se.

É obvio que o monte em questão tem enormes potencialidades e corresponde a uma mais-valia latente para o turismo local e até regional.

Aquele outeiro encerra uma História ancestral que está por desvendar, vestígios de um povoado muito antigo que deveriam ser trazidos à luz do dia. Desenganem-se os que pensam que as ruínas daquele “Castro” esgotam-se no conjunto escavado nos anos 80 do século passado, há muito mais por conhecer, estudar e valorizar.

Se nada de verdadeiramente importante for feito, Fafe acabará por perder o seu maior “tesouro” Cultural, O Povoado Castrejo de Santo Ovídio com mais de dois milénios de história.















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